Pode paracer brincadeira de criança, pode até ser para uns, mas vai muito além disso. Quando pequeno olhava para o céu azul e colocava nome e formas nas nuvens, brincadeira boba, mas que rendeu muitas risadas, depois de um tempo comecei a olhar para o céu a noite, procurando encontrar nele cada estrela que pudesse existir, me encantava com suas cores e tamanhos. Um certo dia olhei para cima e vi uma estrela, não tão grande quanto as que eu já havia visto, mas com um brilho intenso, algo jamais imaginado por mim antes, cintilava sua cor por quilômetros de distância, eu podia ser vista em qualquer lugar do mundo e como na brincadeira com as nuvens, porém sem perceber, dei a ela nome e forma, a chamei de Amor. Com o tempo essa estrela que antes era pequena, quase imperceptível perante as outras se não fosse sua luz, começou a crescer, aprendeu a falar, aprendeu a viver, viver de uma forma diferente da qual eu esperava, mas também não me surpreendi, afinal tudo nessa vida há de mudar, pouco ou muito as coisas nunca serão como a um segundo atrás. Meu Amor que antes estava logo ali intacto no céu começou a oscilar por meio as outras de sua mesma forma, procurou por outro lugar pra ficar e se interessou pelas cores de outras estrelas, essas pelas quais começou a se encantar, foi quando aquela luz sumiu. Procurei em todos os cantos, de ponto a ponto, passei noites virado tentando entender como poderia ter acontecido, como isso que estava ali tão certo e estável pode desaparecer da noite pro dia sem deixar vestígios de sua fuga ou motivo pela qual. Alguns amigos me falaram que não deveria me abalar, afinal de todas as estrelas do céu porque querer justo aquela pra mim? Existem milhares, milhões, bilhões delas logo na minha frente, basta só apontar o dedo e nomear outra, mas não, eu não dei ouvidos e por cima neguei qualquer forma de substituição. Passado um certo tempo não pude mais vê-la brilhar, sinceramente já havia até me cansado de procurar, foi quando um amigo me disse que tinha ouvido falar de seu paradeiro. Corri desesperado até ela, quando pude ver de novo o seu brilho mais uma vez... ela me prometeu permanecer por mais um tempo aqui. Foi o dia mais feliz da minha vida, corria de um lado pro outro gritando feito criança que ganhou seu doce preferido, mas do mesmo modo que agi feito um moleque de dez anos pela felicidade... agi como um de sete pela tristeza. Por um ato infantil acabei deixando-a se levar pelo céu. Ela disse adeus, falou sobre um outro lugar, falou sobre outra estrela, estrela essa que já havia sido admirada por ela, mas que estavam distantes, falou que se aproximou dela, conheceu seu brilho e por ela se encantou, foi assim que meu céu se apagou. Virei a noite mais uma vez tentando entender como, onde e porque... talvez tenha chegado a uma conclusão, mas não foi a que mais me agradou. Chorei, cantei pro vento esperando ele levar até ela as palavras faladas por mim, me revirei do avesso. Talvez foi porque cobicei tanto seu brilho que quis ofuscar o olhar de outros, talvez porque tive tanto medo de que um dia se apagasse que meu desejo se virou contra mim, talvez porque amei tanto não foi saudável o suficiente para dar certo... afinal, ela é uma estrela, tem que brilhar, tem que encantar a quem a vê, tem que ser livre no céu, e por mais que eu ou outro tente dar a ela um lugar pra ficar, é livre que ela sempre será. Ontem ela disse adeus, mas por mais que tenha dito, uma estrela nunca sairá de seu lar e é para o céu que eu sempre hei de olhar quando por ela a saudade cutucar no peito, por que dentre tantas é ela quem chamo de Amor.
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