quinta-feira, maio 26

feito verde do gramado.

As coisas iam bem, a distância nunca foi um problema. Há quem nunca acreditou que tamanha afinidade ontem não passou mais que uma boa amizade. Feito grama em meio à geada, sua cor se esvaeceu com a dor de ter sua raiz arrancada. Para os olhos de quem vê, nada se quer aconteceu, talvez seja porque o sol não esquentou o gramado para que esse gelo se tornasse água. Com a ausência do calor ontem presente, a flor murchou sem deixar vestígios de sua beleza rara. E é assim que uma amizade se acaba. O tempo passou e as folhas que tinham seu verde vivo hoje se tornaram cinzas, pura sobra de queimada. Há quem diga que o seu gramado ainda há de renascer e suas orquídeas ainda podem voltar a tornar o contorno do lago um ótimo lugar para se encontrar e fazer com que o tempo de vôo não seja quase nada. Dizem por ai que a graça de seu jardim jamais será como antes, mas cabe ao seu jardineiro cultivar e tornar real a expectativa por um novo entardecer, para que você possa se sentar ao lado de quem te ama, pois entre eles não sobrou mais nada além de uma mágoa, os votos de boa sorte e a esperança de um dia melhor amanha. No fim somos apenas amigos e amantes.

quarta-feira, fevereiro 9

por dois segundos.

Por dois segundos eu queria sumir, mergulhar de cabeça em uma nuvem e com ela flutuar pelo meu oceano de estrelas. Fechar meus olhos para que quando abri-los novamente me ver deitado na praia, sem aquela camisa pesada, sentindo a brisa bater no peito e ouvindo as ondas quebrar no ar.

Por dois segundos queria não saber quem sou, acordar, olhar para as paredes e me assustar com esse lugar estranho onde me situo no momento. Olhar para minhas mãos brancas e jurar que sempre fui negro, sem falar naquele tênis preto com cadarços roxos, quem foi o imbecil que fez aquilo? Gostaria de ter certeza que sempre fui um hippie alucinado pelos cogumelos que os ETs plantaram no meu jardim. Queria pirar no som do bom e velho Jimi, sem falar dos duendes do Zeppelin, queria dormir louco e acordar alucinado.

Por dois segundos queria ser rico para não ter de trabalhar. Queria não pegar a porra do ônibus lotado que muitas vezes tende a quebrar no meio do caminho. Queria dormir cedo e acordar tarde todos os dias. Levantar, tocar a minha guitarra, fumar o meu cigarro... pouco me importar com o relógio que devora as horas feito o café da manha que corro para tomar.
Por dois segundos queria ser solteiro para sempre, queria sair pelas ruas a fora sem ter que dar satisfação a quem não devo. Queria acordar em uma cama diferente todo santo dia, mas que os santos me perdoem.

Por dois segundos queria ser quem não sou, seja o rico, o feliz, o gigolô ou o trovador.

quarta-feira, fevereiro 2

sobre ele e sua vida de decepções.


Os dias voavam feito os ventos de uma tempesteada, seu espirito hoje apagado se recorda de seus erros... antes eu, hoje quem sabe... a alma fraca e calejada, feito as cicatrizes em seu corpo amaçado. Sua vida feita de decepções não o ajuda a levar.

Afinal, onde foi parar os dias de sol?

Indagado pelo destino, perguntou a si quem seria então. Sem respostas concretas levou uma rotina incerta cheia de caminhos tortuosos por onde sua paz se perdeu. Trabalho, mulher, estudo... para acalmar seus nervos no fim de tudo se perdia em tentações. Do branco ao verde, do verde ao vermelho e por fim tudo acabava em pó. Sem ter para onde ir, virou noites em claro procurando

onde foi parar sua felicidade. Escondido dentro de ossos e pedaços de carne, ele aguarda pacientemente pelo seu momento. Olhos fechados, unhas roídas, seu semblante transparecendo o cansaço de anos de tormenta.

As coisas mudaram...

E se agora fosse agora, então seria. Feito uma aberração de alma doentia se sentou e começou a escrever sua carta de alforria. O mundo de lá parou para vê-lo enquanto exasperava em frente ao pedaço de papel, agora sujo de tinta. Cheio de imperfeições causadas pelo tempo feito a caneta que estourou no meio de seu momento... após se infernar em seus devaneios, perdido, ouviu apenas uma palavra vir de dentro de si...

Que seu nome seja dor e que essa seja sua luta pela liberdade.

Proveniente do Latim:

Dolor

s. f.

1. Sensação mais ou menos aguda mas que incomoda. (mal, padecimento, sofrimento ≠ bem-estar, prazer)

2. Sensação emocional ou psicológica que causa sofrimento. (desgosto, mágoa, pesar)

Libertas

s. f.

1. Direito de proceder conforme nos pareça, contanto que esse direito não vá contra o direito de outrem.

2. Condição do homem ou da nação que goza de liberdade.

3. Conjunto das ideias liberais ou dos direitos garantidos ao cidadão.

4. Fig. Ousadia.

5. Franqueza.

6. Licença.

7. Desassombro.

8. Demasiada familiaridade.